Nos tempos conturbados que estamos a viver, ouvimos a todo o momento falar de desemprego, de crise, de falências, de contestações, de assaltos, de cataclismos… A par com estas realidades, somos bombardeados com informações sobre a conjuntura económica do momento que chegam sempre acompanhadas de palavras (repetitivas e rebuscadas) com previsões e opiniões de conceituados analistas oriundos de diversos sectores. Parece que vivemos tolhidos num imenso barril de pólvora para o qual são arremessadas continuamente faíscas e que, a qualquer instante, vai estourar! Todos estes sinais e factos condicionam a nossa vida e a nossa saúde física e emocional esta muito debilitada, afectada e a adoecer… Todas estas “viroses negativas” fazem desencaixar o nosso “puzzle da vida” e, na verdade, quem tem responsabilidades e poder - a vários níveis - nada (ou pouco) faz para combater esses “efeitos mortais” e cada um de nós conforma-se a tomar os habituais “analgésicos” que apenas atenuam a dor ao invés de eliminar essas “infecções virais” . A propósito, gostava de lembrar uma pequena história que ilustra este hábito de “conformar-se”…
Um filhote de águia foi criado por um camponês junto das galinhas... Sempre foi tratado da mesma maneira que as galinhas e muitos dos seus gestos faziam parecer uma galinha...
comia da mesma comida, bebia da mesma água, usava o mesmo pelouro e até esgravatava no chão...
Um ambientalista visitou a quinta e ao ver a águia a ciscar no chão, interpelou o camponês:
- Alguma coisa aqui não está bem… aquela ave não é uma galinha, é uma águia!
O camponês retrucou:
- Eu bem sei que não é uma galinha, mas há tanto tempo que ela está habituada a ser assim que já deixou de ser uma águia, agora ela é uma galinha e pronto!
O ambientalista afirmou:
- Desculpe mas não é assim.... Uma águia é sempre uma águia aqui e em qualquer parte; com sua licença, deixe mostrar-lhe uma coisa…
O ambientalista pegou na águia e elevando-a nos braços, disse:
- Voa, tu és uma águia, assume a tua natureza!
Após várias insistências, a águia não voou e o camponês disse:
- Eu não lhe disse que ela agora era uma galinha!
Com a sua natural insistência, o ambientalista disse:
- Amanhã volto cá e veremos..
No dia seguinte, logo de manhã, os dois subiram até o alto de um monte ali perto, com a águia… Chegados ao alto do monte, o ambientalista pegou nela e disse:
- Águia, olha para este horizonte, olha para o sol lá em cima e os campos verdes lá em baixo, vê todas estas nuvens que são tuas. Desperta a tua natureza… solta o teu espírito e voa sem medos porque tu és uma águia... A águia começou a ver tudo aquilo e foi ficando inquieta pois estava maravilhada com a beleza das coisas que nunca tinha visto. Um pouco confusa no inicio por já ter esquecido no seu íntimo uma sensação idêntica e sem entender o porquê daquela sentimento que lhe fazia fervilhar o sangue nas veias, a águia perfilou devagar as suas asas e com alguma atrapalhação no início, partiu num lindo voo até ao horizonte azul….
Desejo, francamente, que neste novo ano de 2009 cada um de nós reaprenda a voar e, ao ver as coisas boas que existem e o que de bom fez, faça disso rampa de lançamento e com o sangue a fervilhar nas veias perfile as asas da verdade e do trabalho e, mesmo com algumas quedas, consiga voar (de novo) para o alto e mais além…
Um bom ano, com alguns "vôos" para todos!
Paulo