Apesar da vida estar, por vezes, muito ocupada com o trabalho que parece não me querer deixar gozar umas merecidas férias, tenho conseguido quase diariamente umas pausas de tempo para dois dedos de conversa, um café ou outra bebida, um passeio nocturno pelas ruas da minha cidade olhando discretamente os recantos esquecidos, umas escapadelas ao fim de semana, estar com os amigos... Confesso que este hábito salutar, plural e diversificado que fui adquirindo faz-me bem... muito bem mesmo! Tão bem que julgo serem essas pequenas pausas as essenciais e principais responsáveis pela ajuda na vivência do meu dia-a-dia, com as minhas longas esperas, os meus caminhares e os meus bons e menos bons momentos em que teimosamente tento ser menino e homem! Há poucos dias, numa dessas pausas, falou-se sobre a mediocridade e a intolerância de algumas pessoas que no alto do seu “trono ou cadeira” de douta sabedoria manipulam “à pancada” e até com uma certa “macacada” os sonhos e as vontades dos outros… A propósito, lembro-me de ter ouvido uma vez esta história que partilho convosco:
Um grupo de cientistas colocou cinco macacos numa jaula... No meio deles um escadote e sobre este um cacho de bananas. Quando um macaco subia a escada para ir buscar as bananas, os cientistas atiravam um potente jacto de água fria aos outros que estavam no chão. Pouco tempo depois, quando qualquer outro macaco tentava subir o escadote, os outros agarravam-no e enchiam-no de pancada. Ao fim de algum tempo, nenhum macaco subia o escadote, apesar da sempre presente tentação das bananas. Continuando a experiência, os cientistas substituíram um dos macacos por um novo. A primeira coisa que ele fez foi subir ao escadote, tendo sido imediatamente retirado dele pelos outros com umas valentes “pancadas”. Depois de algumas surras, o novo integrante do grupo desistiu de subir ao escadote. Um segundo macaco foi substituído no grupo e o mesmo aconteceu, tendo o primeiro substituto participado com entusiasmo na surra ao novato. Um terceiro foi trocado e o mesmo ocorreu. Um quarto, e afinal, o último dos veteranos foi substituído. Os cientistas então ficaram com um grupo de cinco macacos que mesmo nunca tendo tomado um banho frio, continuavam a surrar aquele que tentasse subir ao escadote para ir buscar as bananas.
Se possível fosse perguntar a algum dos macacos porque batiam em quem tentasse subir o escadote, com certeza a resposta seria:
- "Não sei, mas as coisas sempre foram assim e assim tem de ser por aqui e não se devem mudar".
Caríssimos Amigos:
Não sou melhor do que os outros e sei bem das minhas limitações… mas ás vezes dou comigo a pensar como é possível sermos na essência todos iguais variando apenas na fisionomia e pensamento e, no entanto, encontrarmos algumas pessoas medíocres que se ouvem só a elas próprias a ponto de, com essa surdez tolherem os sonhos e as formas de estar e de ser de outros (e outras) anestesiando-lhes à pancada os sonhos e não os deixando subir para alcançar o melhor em nome de uma qualquer vingança ou de uma qualquer regra, supostamente criada em ambiente conspirativo a bel prazer de um orgulho ferido ou de um preconceito limitativo e mal adquirido. Até Jesus Cristo não se ouvia só a ele próprio e muitas vezes realizava mudanças; dizem os Evangelhos que, pelo menos uma vez, ele perguntou aos Amigos o que diziam os outros e eles próprios sobre “quem Ele era?” Na realidade foi ouvindo todos e compreendendo todos os outros – até os pecadores – que Ele se tornou o Mestre, Amigo e Irmão, mudando o decurso da história deste nosso mundo com a sua mensagem simples de Amor e de Paz que permanece viva nos nossos dias… apesar de muitos a tratarem à pancada, não permitindo mudanças ou subidas.
Nestes tempos sociais difíceis que vivemos em que ouvimos contestações, descontentamentos, guerrinhas e maledicências, entendo que a Igreja e os Pastores (verdadeiros) devem aproximar o Homem da Fé permitindo que, ao encontrar-se consigo mesmo redescubra o Deus que julgamos andar longe e distante… temo pelo futuro do mundo com estas contestações sociais e estes problemas galopantes mas entendo que a Igreja não se deve demitir da sua responsabilidade e em vez de afastar com esta ou aquela atitude em nome da falta de Pastores, de Trabalhadores ou mesmo de Ovelhas, deve agir e unir em torno das suas pequenas comunidades a verdadeira imagem do Cristão e da Comunidade – tal como está descrita no Livro dos Actos dos Apóstolos “eram um só coração e uma só alma”. Fico contente quando ouço comentários sobre esta ou aquela comunidade que, apesar das dificuldades, tem um Pastor que lança mãos ao arado e vai lavrando a terra e, com mais ou menos dificuldades, vai plantando flores novas de juventude e dinamismo.. . fico triste quando ouço dizer que outras flores plantadas num qualquer prado ou monte, vão sendo decepadas ou vão-lhes cortando a água para que com o tempo sequem… Aproveitemos bem as nossas férias para aprendermos o exemplo das ondas do mar que uma após outra caminham em direcção a terra… mas sempre para a frente, nunca para trás. Deixemos nas areias de uma qualquer praia as “macacadas” das nossas intolerâncias e preconceitos e, se tivermos de dar umas boas “pauladas” para despertar mentes entupidas, lembremo-nos de que, até Jesus Cristo assim procedeu uma vez. Acima de tudo, aproveitemos as férias para confirmar que “ se achamos bom ser importante, um dia descobriremos que é mais importante ser bom”. Umas boas férias para todos!
PAS