Conta-se que um certo dia num mosteiro, após a morte do guardião, foi preciso nomear um substituto. O mestre (monge superior) convocou todos os discípulos para descobrir quem seria o novo sentinela e com muita tranqüilidade disse:
- Assumirá o posto o monge que conseguir resolver primeiro o problema que eu vou apresentar.
Dito isto, colocou uma mesinha magnífica no centro da enorme sala em que estavam reunidos e em cima dela, pôs um vaso de porcelana muito raro com uma rosa amarela de extraordinária beleza a enfeitá-lo. Depois comentou apenas:
- Aqui está o problema!
Todos ficaram olhando a cena: o vaso belíssimo, de valor inestimável, com a maravilhosa flor ao centro! O que representaria? O que fazer? Qual era o enigma?
Nesse instante, um dos discípulos pegou num pau, olhou o mestre e os companheiros, dirigiu-se ao centro da sala e com um golpe certeiro destruiu tudo... De seguida o discípulo retomou o seu lugar.
O mestre disse:
- Você é o novo guardião. Não importa que o problema seja algo lindíssimo. Se for um problema, precisa ser eliminado...
Meus caros Amigos e Amigas, é uma historinha um pouco dura... mas realista!
Muitas vezes entupimos a nossa vida com coisas nostálgicas do passado ou com imagens por nós criadas e ficamos parados. A verdade é que um problema é sempre um problema! Ás vezes há coisas (e até pessoas) que nos parecem sensacionais, maravilhosas, lindas ou até arrebatadoras, mas a verdade é que são apenas coisas ilusórias e temporárias que estão instaladas e somente ocupam espaço - um lugar indispensável para criar a vida!
Outras vezes agarramo-nos a coisas ou experiências do passado e acabamos por carregar a vida inteira um peso que afinal é vazio…
Os orientais dizem que “para beber vinho numa taça cheia de chá, é necessário primeiro deitar fora o chá para, então, beber o vinho." ou seja, para aprender o que é novo, é essencial desaprender aquilo que já é velho...
Cada um de nós tem a sua forma própria de lidar com a mudança… eu por exemplo digo que vou deixar de fumar há um bom par de anos, mas ainda não consegui… mas há coisas que eu consigo mudar e muitas vezes sozinho… sem a ajuda de ninguém! Custa, acreditem que sim… mas vale a pena porque ficamos de certa forma “aliviados” e criamos em nós espaço para aceitar uma mudança… uma novidade! Cada um é como cada qual (dizia a minha tia materna na sua pouca instrução) e reconheço que é verdade… mas a vontade e a força são as mesmas, só temos é de as descobrir.
Vamos limpar as gavetas dos nossos rancores, os armários da nossa incompreensão, as prateleiras dos nossos ódios para podermos reservar lugar ás novidades que dia a dia Ele nos trás e nos dá… nós é que muitas vezes fechamos os olhos ou então os fixamos num passado que já o foi, e não vivemos o presente que é tolhendo provavelmente um futuro que não será… Boas “limpezas”
Paulo / Outubro de 2006